Indústria da Mineração: infraestrutura e novos modelos para minimizar impacto ambiental
Indústria de mineração programa empregar US$ 15,71 bilhões no Pará até 2028, tanto para explorar cobre, bauxita e outros produtos quanto para melhorar a infraestrutura e as condições socioambientais de áreas impactadas pela atividade
A indústria da mineração programa investimentos de US$ 15,71 bilhões no Pará no período de 2024 a 2028, o que representa 28% dos recursos totais previstos para expandir a atividade mineral no país, que somam US$ 64,5 bilhões.
Cobre, minério de ferro, bauxita, níquel, caulim, ouro e manganês são as atividades minerais que receberão os principais investimentos produtivos no estado, de acordo com o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann.
Os recursos também serão destinados a melhorias na infraestrutura e nas condições socioambientais de áreas impactadas pela mineração.
Em 2023, o faturamento da indústria mineral paraense somou R$ 85,4 bilhões, pouco mais de um terço do total do país no setor. A estimativa da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) é que o setor mineral respondeu por 84% das exportações paraenses no período, que somaram US$ 22,25 bilhões.
A receita com embarques de minério de ferro, principal item da pauta de exportações, alcançou US$ 12,9 bilhões no ano passado.
A Vale extraiu no Sistema Norte, o conjunto de minas na região de Canaã dos Carajás, 53% dos 321,2 milhões de toneladas de sua produção de minério de ferro em 2023.
No Pará, o principal projeto em execução prevê investimentos de US$ 1,5 bilhão para aumentar em 20 milhões de toneladas anuais a capacidade de mineração e beneficiamento da mina S11D, que passará a um total de 120 milhões de toneladas anuais.
A produção de cobre da Vale no estado alcançou 247,2 mil toneladas em 2023, com alta de 44,6% sobre o ano anterior. Em Marabá, onde foram extraídas 180,4 mil toneladas, uma nova mina, Salobo III, entrou em operação no último trimestre de 2023. O investimento foi de US$ 1,1 bilhão.
Quando estiver em plena operação, no fim de 2024, terá capacidade de processar 36 mil toneladas por ano. Na mina Sossego, em Canaã dos Carajás, a produção somou 66,8 mil toneladas em 2023.
Outra atividade da companhia no Pará é a mineração e processamento de níquel na unidade Onça Puma, em Ourilândia do Norte, responsável pela produção de 17 mil toneladas no ano passado.
A companhia programa investimentos de US$ 555 milhões em um segundo forno de produção de ferroníquel com capacidade de 12 a 15 mil toneladas anuais, com previsão de operação em 2025.
Bauxita em Paragominas
Em 2023, a Hydro extraiu 10,9 milhões de toneladas de bauxita de sua mina em Paragominas. Toda a produção foi encaminhada por um mineroduto para Barcarena, até a refinaria Alunorte, onde foram produzidos 6,2 milhões de toneladas de alumina, matéria-prima do alumínio. Do total produzido, 5,2 milhões de toneladas foram exportados.
A companhia investe R$ 1,6 bilhão para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO₂). O maior investimento, em R$ 1,3 bilhão, é a substituição do óleo pesado BPF, usado no refino na Alunorte, por gás natural, processo que deve ser concluído ainda em 2024.
A empresa começa a substituir sua frota de veículos a combustão por elétricos e vai empregar R$ 300 milhões na implementação de mais duas caldeiras elétricas para produzir o vapor necessário para o refino da alumina, além de uma que já está em operação desde 2022. Enquanto caldeiras tradicionais são abastecidas por óleo ou carvão, as elétricas utilizam energia solar e eólica.
— Vamos eliminar 1,1 milhão de toneladas de CO₂ por ano, o que representa 35% nas emissões da unidade — calcula Carlos Neves, vice-presidente de Operações da Hydro.
Em 2023, a Hydro concluiu investimentos de R$ 590 milhões em uma nova frente de lavra, Miltônia 5, que permitirá mais 30 anos de mineração de bauxita em Paragominas. A nova mina utilizará a metodologia Tailing Dry Backfill, que elimina a necessidade de barragens. Os rejeitos vão para áreas já exploradas.
A Alcoa também desenvolve um programa de descarbonização na mineração de bauxita em Juruti, no oeste do Pará, em uma área de floresta. A companhia investe R$ 130 milhões para substituir o óleo diesel na unidade, que compreende mina e porto, por energia elétrica de fonte renovável até 2026, quando estará concluída a construção de uma linha de transmissão de 51km, que vai integrar a região ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
— Vamos reduzir em 35% nossas emissões — diz Rogerio Carrilo, diretor comercial de Bauxita e Alumina da Alcoa Brasil.
Em 2023, a companhia extraiu 5,7 milhões de toneladas de bauxita em Juruti, volume 4% superior ao obtido em 2022. A capacidade operacional da mina é de 7,5 milhões de toneladas anuais. Por volta de 95% da produção de Juruti vai para a Alumar, um complexo industrial em São Luís (MA) pertencente à Alcoa, Rio Tinto e South32, onde ela é transformada em alumínio.
A Alcoa também investiu R$ 100 milhões entre 2023 e 2024 em projetos socioeconômicos em Juruti, cidade de 60 mil habitantes. As ações envolvem estímulo ao empreendedorismo local e apoio à educação, à saúde, à geração de emprego e renda, além de conectividade para comunidades distantes.