Agro é Jovem: A Nova Geração e a Revolução Tecnológica no Campo Brasileiro
O agro brasileiro está passando por uma transformação marcante, impulsionada por uma nova geração de agricultores que alia tecnologia e inovação à tradição familiar no campo. Com uma mentalidade aberta à digitalização e maior nível de escolaridade, esses jovens estão elevando a competitividade do Brasil no cenário global, consolidando o país como um dos maiores fornecedores de commodities agrícolas, como soja, milho e algodão.
Na safra 2023/2024, o Brasil desbancou os Estados Unidos e se tornou o maior fornecedor mundial de algodão. Esse avanço é reflexo direto da adoção de tecnologias inovadoras que melhoram a produtividade e eficiência no campo. Além do algodão, o país já lidera as exportações de soja e milho, e caminha para se tornar o maior vendedor global de café e carnes, colocando o agro brasileiro em um patamar de protagonismo mundial.
A Nova Geração e a Adoção de Tecnologias
O perfil dos agricultores brasileiros tem se rejuvenescido, com uma média de idade de 46 anos, muito abaixo dos 58 anos nos Estados Unidos e 65 anos na Europa. Esse movimento está relacionado a um processo de sucessão familiar, no qual filhos e netos de produtores estão retornando ao campo e trazendo consigo uma mentalidade voltada para a inovação e sustentabilidade.
Esses jovens produtores, conhecidos como “agricultores digitalizados”, estão implementando tecnologias de ponta, como monitoramento por drones, telemetria, uso consciente de defensivos agrícolas e plataformas digitais de gestão. A conectividade nas fazendas permite o uso de ferramentas como pluviômetros digitais, que se conectam a satélites para monitorar as condições climáticas em tempo real. A empresa SLC Agrícola, por exemplo, conseguiu transformar suas operações ao conectar 100% de suas fazendas, possibilitando a adoção de sistemas de agricultura de precisão.
Agricultura de Gestão e Produtividade
Com a agricultura digital, os produtores conseguem ter uma visão completa de suas operações e tomar decisões baseadas em dados. O uso de drones equipados com inteligência artificial permite identificar ervas daninhas e realizar a pulverização com precisão, reduzindo o uso de defensivos em até 70%. Além disso, o monitoramento de focos de calor em regiões suscetíveis a queimadas é realizado em tempo real, evitando desastres ambientais.
A digitalização no campo também tem impulsionado a produtividade. Produtores como os irmãos Schenkel, que operam no Mato Grosso, viram suas colheitas aumentarem 8% ao ano após a adoção de drones e sistemas de telemetria. Essa tecnologia permite que decisões precisas sejam tomadas, como a aplicação correta de fertilizantes e herbicidas, garantindo que cada metro de terra seja utilizado de forma eficiente e sustentável.
O Papel das Agtechs
A revolução tecnológica no campo também tem atraído empreendedores da chamada geração Z, que estão fundando startups conhecidas como Agtechs. Essas empresas desenvolvem soluções tecnológicas para o agronegócio, oferecendo ferramentas de inteligência artificial, biotecnologia e agricultura sustentável. Em 2023, as Agtechs brasileiras receberam quase R$ 1 bilhão em investimentos, mostrando o grande potencial desse setor.
Claudio Fernandes, por exemplo, fundou a Bio2Me, uma Agtech que integra tecnologia agrícola com conservação ambiental. Sua empresa busca maximizar o rendimento das terras ao mesmo tempo em que promove a preservação da biodiversidade no Cerrado brasileiro, mostrando que é possível aliar lucratividade à sustentabilidade.
O Brasil Como Líder Global
O sucesso dessa nova geração de agricultores e o uso de tecnologias de ponta colocam o Brasil em uma posição estratégica no mercado global. A balança comercial do agronegócio brasileiro registrou um superávit de US$ 59,22 bilhões até maio de 2024, enquanto os Estados Unidos enfrentam um déficit agrícola recorde de US$ 32 bilhões.
Com o envelhecimento dos agricultores em países como os EUA e a Europa, e sem sucessores para dar continuidade aos negócios familiares, o Brasil aproveita a oportunidade de expandir seu mercado e consolidar-se como uma potência agrícola.
O agro brasileiro é jovem, inovador e sustentável. A nova geração de agricultores está redefinindo o setor, tornando o Brasil mais competitivo e garantindo o crescimento contínuo das exportações. Com a adoção de tecnologias de gestão e precisão, o país segue firme em sua liderança no mercado global de commodities, pavimentando o caminho para um futuro próspero e sustentável no agronegócio.