Agronegócio: mercado de IA pode chegar a US$ 4 bi em 2024
Agronegócio: Brasil é maior mercado de agtechs da América Latina, com 76,5%, e IA tem acelerado a automação de máquinas e análise de dados em tempo real.
Além de ser um grande gerador de riqueza para o país, o agronegócio brasileiro é também um importante canal para fomentar a inovação em diversas áreas do setor. Os números do agronegócio chamam atenção. É a maior atividade econômica da América Latina, responsável por mais de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) da maioria dos países da região, de acordo com o Banco Mundial. No Brasil, essa relevância fica ainda mais evidente. Só em 2022, o setor foi responsável por 24,8% do PIB nacional, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), chegando a US$ 500 bilhões, o equivalente ao PIB da Argentina, representando um crescimento de 258% em comparação a 2002.
Para entender o tamanho desse mercado que é o agronegócio, é preciso voltar para a década de 1970, quando o país passava por um intenso processo de modernização, o que refletiu nas fazendas e nos mais sofisticados processos de maquinários, além de abrir um campo para pesquisas. Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), mostram que os investimentos em tecnologia foram responsáveis por 59% do crescimento do valor bruto da produção agrícola no país entre a década de 1970 e 2022.
Ou seja, há décadas, agronegócio e tecnologia andam juntos. Com o crescente investimento, falamos hoje, em agricultura de precisão, análise de dados em tempo real, automação das máquinas e claro, não podemos deixar de citar as agtechs. O Brasil é o maior mercado de agtechs da América Latina, com 76,5% do total, seguido por Argentina e Colômbia, com 8,3% e 4,3% respectivamente, de acordo com a o relatório Agtech Report 2023, desenvolvido pelo Distrito – plataforma de tecnologias emergentes da América Latina. O relatório apontou a tendência de startups agrícolas se estabelecerem próximas aos seus mercados consumidores, especialmente na região do Centro-Oeste do Brasil.
Desde 2017, quase US$ 650 milhões foram investidos nas agtechs latino-americanas. O ano de 2022 atingiu o recorde, com maior quantidade e volume de transações comerciais em relação a anos anteriores. Esse cenário contrasta com a tendência do mercado tradicional de Venture Capital, que apresentou um declínio no volume de investimentos em 2022. A eventual desaceleração nos últimos cinco anos, principalmente a partir de 2021, reflete uma maior dificuldade em mapear empresas nascentes desse mercado, de acordo com a análise do relatório.
Gráfico: Distrito.
Embora a América Latina seja reconhecida como uma potência no agronegócio, ainda não temos nenhum unicórnio – startups que conseguem obter o valuation de US$ 1 bilhão com capital fechado. No entanto, já há sinais claros de um amadurecimento do setor.
Gráfico: Distrito.
Inteligência Artificial mostra maturidade no agronegócio
O mercado global de Inteligência Artificial deve movimentar US$ 15,7 trilhões até 2030, segundo relatório da Microsoft. O Brasil é líder em IA na América Latina. Uma das principais contribuições da IA para o agronegócio é a capacidade de analisar grandes volumes de dados de forma rápida e precisa. Com algoritmos avançados de aprendizado de máquina e análise de dados, os agricultores podem extrair dados sobre o estado de suas plantações, condições climáticas, saúde do solo e muito mais.
Além disso, a IA tem impulsionado a automação de equipamentos agrícolas, tornando as operações mais eficientes e menos dependentes de mão de obra humana. Desde tratores autônomos até drones que monitoram as plantações, a automação impulsionada pela IA está permitindo que agricultores realizem tarefas complexas com maior precisão e rapidez, resultando em uma produção mais consistente e de alta qualidade. Além disso, a IA está impactando áreas do agronegócio como cultivo, automação de equipamentos, monitoramento do solo e da água, produção animal, cadeia de suprimentos e saúde das culturas.
O investimento nesta tecnologia está tão em pauta que, em 2020, o mercado global de IA no agronegócio era de US$ 1 bilhão. Agora, a estimativa é que este mercado chegue a US$ 4 bilhões até 2024, de acordo com o relatório da Distrito.
Conectividade e IA no agronegócio
Ocupando o sexto lugar na rodada de investimentos do agronegócio, a Agrotools analisa mais de 4,5 milhões de territórios rurais e monitora R$ 15 bilhões em commodities. Além disso, são mais de R$ 50 bilhões em financiamento rural que contam com o suporte de ao menos uma das soluções da empresa, e cerca de R$ 100 bilhões em operações do agronegócio monitoradas.
Sendo uma das pioneiras no uso de Inteligência Artificial, recentemente, a startup firmou uma parceria global com a Microsoft na intenção de promover uma agricultura orientada por dados. A startup afirma desenvolver o maior banco de dados do agro do mundo. No entanto, para esse que todo esse material fosse armazenado, precisava de um lugar, apesar de ser uma empresa multi-cloud desde o início da sua operação. Nesse contexto que entra a parceria com a Microsoft. Além do armazenamento da maior quantidade de dados para o agronegócio corporativo, a parceria contribui com a agtech na área de pesquisa e desenvolvimento em algoritmos, Inteligência Artificial e otimização de armazenamento.
“O novo agro é pautado em dados e precisa de segurança, solidez, e escalabilidade”, esclarece Lucas Tuffi, CSO da Agrotools. “Não existe sustentabilidade em larga escala sem tecnologia. A parceria entre Agrotools e Microsoft, representa isso, duas gigantes trabalhando em conjunto para traduzir dados em informações estratégicas para aumentar a eficiência de todos os setores que se relacionam com o agro”.
A aceleração digital do agronegócio tem como propósito potencializar a inovação e possibilitar o uso de tecnologias e dados para apoiar o desenvolvimento do setor. Nesse cenário, a coleta qualificada de dados e o monitoramento de territórios e cadeias produtivas garantem o cumprimento dos critérios socioambientais de forma sustentável, pois torna possível compreender, em tempo real, a aplicação de práticas ESG, por exemplo. “Por isso, a agricultura orientada por dados é uma realidade cada vez mais necessária para todo o setor, incluindo não somente o produtor rural, como também instituições financeiras, compradores de matéria-prima, vendedores de insumos, empresas de food service, seguradoras. É a democratização dos dados para todo o agronegócio corporativo”, conclui o executivo.